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Ferro nos oceanosO ferro representa o quarto elemento químico mais abundante na crusta terrestre que corresponde a 4 % da massa total. Trata-se de um micro-nutriente essencial para a sobrevivência de todos os seres vivos. A fonte mais importante deste elemento químico são as poeiras que provêm, quase na totalidade, das zonas desérticas da Terra. Existem grandes extensões de águas oceânicas onde abundam nutrientes como o azoto e o fósforo mas onde escasseia o fitoplâncton. Estas zonas encontram-se longe das zonas desérticas e pensa-se que a falta de ferro nelas não permite o crescimento do fitoplâncton. |
Donde vem o ferro que se encontra nos oceanos? |
Transporte de poeiras para os oceanosAs grandes partículas de poeira transportadas na atmosfera demoram pouco tempo a cair nos oceanos enquanto que partículas com um diâmetro menor que 10 µm (10µm = 0,00001m) podem viajar grandes distâncias. Os ventos permitem que as partículas subam rapidamente, até 5 km sobre o Atlântico e 8 km sobe o Pacífico. A areia do Saara leva uma semana para atravessar o Atlântico e a areia dos desertos chinos duas semanas para atravessar o Pacífico Central. As poeiras podem deixar a atmosfera em forma de partículas secas ou podem rodear-se de gotas de água e entrar nos oceanos sob a forma de chuva. |
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Embora o ferro encontra-se muito abundante nas poeiras e a maior parte delas acaba por entrar no oceano, as concentrações de ferro na água do mar são extremamente baixas, geralmente menores que 1 nmol/l (1nmol/l = 0,000000001 mol/l). Agora sabemos que o ferro nas poeiras encontra-se principalmente na forma de ferro oxidado (III) que não é muito solúvel na água. Quando as poeiras são transportadas pelas nuvens, passam por uma série de condições de muita acidez o que incrementa um pouca a solubilidade do ferro. No entanto, continua-se a pensar que menos que 2 % do ferro que entra nos oceanos a partir da atmosfera é solúvel e pode ser absorvido pelo fitoplâncton como nutriente. |
Regiões oceânicas com muito nitrato e pouca clorofila (HNLC)Nos oceanos, a maior parte dos nutrientes que controlam o crescimento do fitoplâncton são o nitrato, o fosfato e, em menor extensão, o silicato. Na maior parte dos oceanos, o fitoplâncton cresce até esgotar todas as reservas de nitrato ou de fosfato. O Pacífico Subártico, o Pacífico Equatorial e o Oceano Austral apresentam grandes quantidades destes nutrientes durante todo o ano mas, nestas zonas, o fitoplâncton apresenta baixos níveis de crescimento e por consequência baixa concentração de clorofila, o pigmento fotossintético nas plantas. Estas zonas são conhecidas por regiões oceânicas de HNCL e ocupam cerca de 20% da área total dos oceanos. |
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3. Mapa de concentrações médias anuais de nitrato na superfície da água dos oceanos. Esta imagem mostra claramente os altos níveis de nitrato no Pacífico Subártico, no Pacífico Equatorial e no Oceano Austral. Dados de Levitus World Ocean Atlas 1994.O cientista John Martin foi o primeiro que sugeriu que nestas regiões HNLC dos oceanos escasseava o ferro, o que impedia o crescimento do fitoplâncton; isto foi confirmado mediante experiências científicas no mar. Oceanograficamente, estas regiões são conhecidas como lugares onde a circulação oceânica leva grandes quantidades de águas profundas à superfície num processo conhecido por afloramento (upwelling). As águas profundas contêm altas concentrações dos principais nutrientes pelo que deveriam ser, em teoria, águas biologicamente activas. No entanto, estas regiões encontram-se muito afastadas dos grandes desertos e, por consequência, não recebem os fluxos de poeiras ricas em ferro. São conhecidos outros afloramentos similares a 40ºN do Atlântico Norte perto da costa, mas estas zonas não são consideradas regiões HNLC porque recebem grandes quantidades de ferro proveniente das areias do Saara.
About this page:author: Lucinda Spokes - Environmental Sciences, University of East Anglia, Norwich - U.K.
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