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Oceanos
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Ferro nos oceanos
O ferro representa o quarto elemento químico mais abundante na crusta terrestre que corresponde a 4 % da massa total. Trata-se de um micro-nutriente essencial para a sobrevivência de todos os seres vivos. A fonte mais importante deste elemento químico são as poeiras que provêm, quase na totalidade, das zonas desérticas da Terra. Existem grandes extensões de águas oceânicas onde abundam nutrientes como o azoto e o fósforo mas onde escasseia o fitoplâncton. Estas zonas encontram-se longe das zonas desérticas e pensa-se que a falta de ferro nelas não permite o crescimento do fitoplâncton. |
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Donde vem o ferro que se encontra nos oceanos? |
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1. Imagem do satélite SeaWiFS da NASA. Tempestade de área em África a 26 de Fevereiro de 2000. Esta tempestade permitiu o transporte de areia do Saara para o Oceano Atlântico ao longo de uma distância superior a 1000 milhas. Esta imagem foi produzida pelo projecto SeaWiFS, NASA/GSFC e ORBIMAGE. Clique sobre a imagem para aumentar (128kB).
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A atmosfera é, provavelmente, o maior fornecedor de ferro aos oceanos e, este ferro, provém geralmente das poeiras que se formam por erosão eólica dos solos. As poeiras têm origem principalmente nas regiões desérticas áridas e semi-áridas estando a maior parte delas situadas nas latitudes médias do Hemisfério Norte. A quantidade de poeira produzida pelos desertos depende da quantidade de precipitação e da força do vento. As maiores concentrações de poeira são observadas, no ar, perto dos desertos e as mais baixas sobre o Oceano Austral perto da Antárctida, região esta que se encontra mais afastada dos desertos. |
Transporte de poeiras para os oceanos
As grandes partículas de poeira transportadas na atmosfera demoram pouco tempo a cair nos oceanos enquanto que partículas com um diâmetro menor que 10 µm (10µm = 0,00001m) podem viajar grandes distâncias. Os ventos permitem que as partículas subam rapidamente, até 5 km sobre o Atlântico e 8 km sobe o Pacífico. A areia do Saara leva uma semana para atravessar o Atlântico e a areia dos desertos chinos duas semanas para atravessar o Pacífico Central. As poeiras podem deixar a atmosfera em forma de partículas secas ou podem rodear-se de gotas de água e entrar nos oceanos sob a forma de chuva.
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2. Imagens do Radiómetro AVHRR (Advanced Very High Resolution Radiometer) que ilustra o transporte de partículas (poeiras) na atmosfera entre Junho e Augusto. Esta imagem mostra as maiores estradas de transporte de poeiras através dos oceanos Atlântico Índico. Algumas destas poeiras provêm da queima de biomassa no Sudoeste de África e outras são poluentes atmosféricos da costa Este da América do Norte. Copyright American Geophysical Union. Clique sobre a imagem para aumentar (151 kB).
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Embora o ferro encontra-se muito abundante nas poeiras e a maior parte delas acaba por entrar no oceano, as concentrações de ferro na água do mar são extremamente baixas, geralmente menores que 1 nmol/l (1nmol/l = 0,000000001 mol/l). Agora sabemos que o ferro nas poeiras encontra-se principalmente na forma de ferro oxidado (III) que não é muito solúvel na água. Quando as poeiras são transportadas pelas nuvens, passam por uma série de condições de muita acidez o que incrementa um pouca a solubilidade do ferro. No entanto, continua-se a pensar que menos que 2 % do ferro que entra nos oceanos a partir da atmosfera é solúvel e pode ser absorvido pelo fitoplâncton como nutriente. |
Regiões oceânicas com muito nitrato e pouca clorofila (HNLC)
Nos oceanos, a maior parte dos nutrientes que controlam o crescimento do fitoplâncton são o nitrato, o fosfato e, em menor extensão, o silicato. Na maior parte dos oceanos, o fitoplâncton cresce até esgotar todas as reservas de nitrato ou de fosfato. O Pacífico Subártico, o Pacífico Equatorial e o Oceano Austral apresentam grandes quantidades destes nutrientes durante todo o ano mas, nestas zonas, o fitoplâncton apresenta baixos níveis de crescimento e por consequência baixa concentração de clorofila, o pigmento fotossintético nas plantas. Estas zonas são conhecidas por regiões oceânicas de HNCL e ocupam cerca de 20% da área total dos oceanos. |
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3. Mapa de concentrações médias anuais de nitrato na superfície da água dos oceanos. Esta imagem mostra claramente os altos níveis de nitrato no Pacífico Subártico, no Pacífico Equatorial e no Oceano Austral. Dados de Levitus World Ocean Atlas 1994.
O cientista John Martin foi o primeiro que sugeriu que nestas regiões HNLC dos oceanos escasseava o ferro, o que impedia o crescimento do fitoplâncton; isto foi confirmado mediante experiências científicas no mar. Oceanograficamente, estas regiões são conhecidas como lugares onde a circulação oceânica leva grandes quantidades de águas profundas à superfície num processo conhecido por afloramento (upwelling). As águas profundas contêm altas concentrações dos principais nutrientes pelo que deveriam ser, em teoria, águas biologicamente activas. No entanto, estas regiões encontram-se muito afastadas dos grandes desertos e, por consequência, não recebem os fluxos de poeiras ricas em ferro. São conhecidos outros afloramentos similares a 40ºN do Atlântico Norte perto da costa, mas estas zonas não são consideradas regiões HNLC porque recebem grandes quantidades de ferro proveniente das areias do Saara.
About this page:
author: Lucinda Spokes - Environmental Sciences, University of East Anglia, Norwich - U.K. 1. sci. reviewer: Dr. Peter Croot - Institute for Marine Research, University of Kiel, Kiel - Germany. 2. sci. reviewer: edu. reviewer: last updated: 2003-10-01
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