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Condições meteorológicas
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A Oscilação do Sul e o El Niño
A Oscilação do Sul
A flutuação na temperatura do oceano durante os episódios de El Niño e La Niña estão associados à flutuação, ainda de maior escala, da pressão do ar entre as regiões Este e Oeste do Pacifico tropical conhecida como a Oscilação do Sul.
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A Oscilação do Sul é a diferença na pressão do ar medida entre as regiões orientais (Tahiti) e ocidentais (Darwin, Austrália) do Oceano Pacifico. Quando a pressão é elevada em Darwin é baixa no Tahiti e vice-versa.
O El Niño e o seu evento simétrico a La Niña representam as fases extremas da Oscilação do Sul. Durante um episódio de El Niño verifica-se que a pressão do ar sobre a Indonésia é superior à média enquanto que valores abaixo da média se verificam sobre o Pacifico tropical oriental.
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1. Mapa do Pacifico Sul, evidenciando Darwin na Austrália e Tahiti, uma das ilhas do Pacifico. Por favor, prima no mapa para melhor resolução! (60 K)
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Esta diferença de pressão inverte-se durante um episódio de La Niña, com pressão do ar inferior à média sobre a Indonésia acima da média sobre o Pacifico tropical oriental.
Em suma:
- O El Niño refere-se à componente oceânica do sistema El Niño/ Oscilação do Sul, ENSO (El Niño Southern Oscillation) em inglês
- A Oscilação do Sul refere-se à componente atmosférica
- ENSO o sistema acoplado Oceano-Atmosfera
O ENSO tem 3 fases: uma fase quente conhecida como El Niño, uma fase fria denominada de La Niña e uma fase neutra que refere aos períodos em que não se verificam condições típicas de El Niño nem de La Niña.
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2. A pressão média ao nível do mar, (mean sea level pressure-MSPL em inglês) no Tahiti é superior que em Darwin. Se a pressão em Darwin aumentar e for superior à pressão no Tahiti o índice SOI torna-se negativo o que corresponde a um episódio de El Niño. fonte: Climate System Lectures, Univ. of Columbia, NY
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O Índice da Oscilação do Sul (SOI)
O índice da Oscilação do Sul, SOI (Southern Oscillation Index) em inglês, é uma medida da intensidade e fase da oscilação do Sul. Durante os episódios de El Niño o SOI assume um valor absoluto elevado mas negativo devido à pressão inferior à média no Tahiti e superior à média em Darwin.
Durante os episódios de La Niña o SOI assume um valor positivo elevado devido aos valores da pressão do ar acima da média no Tahiti e abaixo da média em Darwin.
Episódios de El Niño ocorrem em cada 2-7 anos.
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3. O Índice da Oscilação do Sul, SOI. Valores negativos elevados a encarnado representam episódios de El Niño enquanto que valores positivos elevados a azul se referem a condições de La Niña. Por favor, prima no gráfico para maior resolução. Fonte: Long Paddock website, Gov. of Queensland
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4. Pressão ao nível do mar 1960-1984 fonte: U. S. Army Topographic Engineering Center
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Revisão histórica dos episódios de EL Niño
O El Niño não é um fenómeno recente, ocorre desde à milhares de anos. Assinaturas químicas de temperatura da água do mar elevada e precipitação acima da média em anos de El Niño são evidentes em especímenes de coral com pelo menos 4000 anos de idade, mas alguns investigadores afirmam ter encontrado registo de evidência dos ciclos de EL Niño no coral com mais de 100.000 anos!
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Registos de ocorrência de El Niño datam desde 1500. Nessa altura, os pescadores da costa do Peru começaram a notar que periodicamente a água apresentava valores mais elevados de temperatura e que o número de capturas de anchova diminuía. Ao mesmo tempo, os agricultores do Peru notavam que o aumento da temperatura da água do mar conduzia ao aumento de precipitação, transformando em férteis terra habitualmente estéreis.
Entre 1700 e 1900 os navegadores europeus realizaram tentativas esporádicas de documentar o fenómeno, fazendo com que os cientistas se interessassem em identificar a sua causa.
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5. Pescadores da costa do Peru. A elevada temperatura da água do mar durante os episódios de El Niño reduzem a quantidade de peixe ao longo da costa diminuindo as capturas de pescado. © downtheroad.org - Peru
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Apenas a partir de meados do século XX é que se tentou, cientificamente, identificar as causas do ENSO. O interesse aumentou no final da década de 1960 e principio da de 1970, e utilizando novos dados incluindo os da observação satélite, climatologistas oceanógrafos reconheceram que os episódios de El Niño eram muito mais que uma característica local da variabilidade climática.
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6. Actualmente registam-se as condições no Oceano Pacifico utilizando bóias Atlas fixas, que medem diferentes parâmetros, tanto à superfície como nas camadas mais profundas. Utilizam-se igualmente bóias flutuantes, navios de pesquisa, por estações de medida de maré no litoral, e medidas de temperatura de superfície de mar recorrendo a imagens satélites. Todos estes dados permitem o desenvolvimento de um sistema de aviso de ocorrência de El Niño que pode ajudar as pessoas prepararem-se para o próximo evento de El Niño. © clivar.org
Em 1923, um cientista inglês, Sir Gilbert Walker descobriu que quando a pressão do ar é elevada no Pacifico é baixa no Oceano Indico de África à Austrália, e vice-versa. A sua descoberta, que denominou de Oscilação do Sul, foi a primeira indicação que as condições atmosféricas em locais distantes do pacífico tropical estavam ligadas.
Cinquenta anos depois, no final dos anos 1960, Jacob Bjerknes um meteorologista norueguês e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles, surgiu com a primeira descrição detalhada de como o El Niño funciona. Fez a conexão entre a Oscilação do Sul de Walker com o El Niño que actualmente é conhecida como o El Niño/Oscilação do Sul ou abreviadamente por ENSO.
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8. a) Prima, por favor, para ver uma animação da circulação de Walker sobre o Pacífico. A imagem mostra a circulação em condições neutras. © original: Bildungszentrum Markdorf
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8. b) Por favor, prima na imagem para visualizar o que se altera durante um episódio de El Niño.
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9. Comparação entre a temperatura da superfície do mar em condições normais e durante o episódio de El Niño de 1982. fonte: Climate science lecture, Univ. of Columbia, NY- Por favor, prima para aumentar! (120 K)
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Episódios de El Niño e consequências
Entre 1982 e 1983, um evento El Niño muito intenso provocou prejuízos em todo o mundo. Cheias, secas e fogos florestais foram os responsáveis por cerca de 2.000 mortes em todo o mundo. Os prejuízos foram estimados em cerca de 13 billiões de dólares americanos.
Um evento ainda mais intenso desenvolveu-se no Pacífico entre 1997 e 1998. Os avisos surgiram a meio de 1997 medidas de prevenção foram tomadas. Em Março de 1998, os eventos associados ao El Niño provocaram 34 billiões de dólares americanos em prejuízos directos e foram responsáveis por 24.000 mortes. Cerca de 111 milhões de pessoas foram afectadas de alguma forma enquanto que 6 milhões de pessoas foram deslocadas.
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Cheias, inundações e fogos florestais são consequências frequentes dos eventos de El Niño. Fogos florestais de pequena dimensão são frequentes em áreas agrícolas durante a mudança de culturas em locais como a Indonésia. Por vezes, ocorrem igualmente fogos florestais para aumentar as áreas agrícolas. Habitualmente, a precipitação intensa de Dezembro extingue todos esses fogos. Contudo, durante um El Niño as condições são de ausência de precipitação. Veja as figuras seguintes que elucidam as condições de seca severa. |
Um episódio de La Niña, por outro lado, pode significar precipitação intensa nas seguintes regiões: Sul da Ásia (durante a monção), Norte e Nordeste da Austrália, Africa do Sul, Norte da América do Sul, America Central e Hawaii.
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Sobre esta página:
Autor: Vera Schlanger - Hungarian Meteorological Service Último parágrafo adicionado em 2005-07-19, autor: Julia Heres Revisão científica: Dr. Ildikó Dobi Wantuch / Dr. Elena Kalmár - Hungarian Meteorological Service, Budapest Última actualização: 2005-07-19 Traduzido por Mário Pereira - Dep. de Física, UTAD, Portugal |
Leitura adicional:
http://whyfiles.org/ http://ww2010.atmos.uiuc.edu/ http://www.oc.nps.navy.mil/ http://cpc.ncep.noaa.gov/ http://www2.sunysuffolk.edu/
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